Em
meio a especulações no xadrez eleitoral que movimenta os bastidores da
política cearense e há exatos onze dias do fim do prazo de
desincompatibilização, o governador Cid Gomes (Pros) confirmou,
publicamente, que está disposto a renunciar ao governo do Ceará para
permitir que o seu irmão e atual secretário de Saúde do Estado, Ciro
Gomes, dispute a vaga única ao Senado nas eleições deste ano.
“A
hipótese de renunciar será colocada a um coletivo, não para candidatura
própria minha, mas para ter Ciro como alternativa de candidatura”,
disse Cid, ontem, antes da reunião com todo o secretariado e diretores
de órgãos vinculados do Estado para a primeira avaliação do
Monitoramento de Ações e Programas Prioritários (MAPP) de 2014. Para o
governador, Ciro é um quadro que deve ficar disponível.
Caso
a renúncia de Cid Gomes seja confirmada, o comando do governo cearense
ficará nas mãos do vice-governador, Domingos Filho (Pros). Ele evitou
comentar sobre a possível renúncia afirmando se sentir “impedido” de
falar sobre o assunto.
Cid,
porém, garantiu que o martelo ainda não está batido e disse que o
assunto será discutido por aliados, que terão a liberdade de opinar e
apresentar os prós e contras. A data para este encontro, no entanto, não
foi divulgada. Por enquanto, o governador afirma que todos os esforços
serão dedicados para a manutenção da aliança.
Até
a semana passada, a possibilidade de Cid renunciar ao cargo não fazia
parte dos planos anunciados pelo governador, que afirmava a intenção de
permanecer à frente do Governo até o fim de 2014, quando terminará seu
mandato. A mudança na estratégia adotada por Cid Gomes envolve mais uma
tentativa de manutenção da aliança montada pelos irmãos Ferreira Gomes.
Cid é “cobiçado” pelo PT e também por outros aliados no Estado, como o
PMDB do senador Eunício Oliveira.
Na
entrevista, ao falar ainda sobre sua possível renúncia, Cid disse ter
duas prioridades em 2014 - reeleição da presidente Dilma Rousseff e a
manutenção do projeto político em desenvolvimento no Estado - e
demonstrou estar disposto a abdicar dos seus interesses políticos
pessoais para isso. O governador ainda voltou a afirmar que pretende dar
uma “pausa” na militância política e trabalhar no Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) ao final do Governo, o que, segundo ele, não
significa “abandonar” a vida pública.
GUIMARÃES E EUNÍCIO
Antes
da entrevista, Cid Gomes teve uma conversa reservada, que durou cerca
de duas horas, com lideranças petistas, incluindo o deputado federal
José Guimarães, vice-presidente nacional do PT. A candidatura de Ciro ao
Senado jogaria por terra as pretensões de Guimarães, que trabalha para
ser indicado ao Senado numa possível chapa liderada por Cid.
Cid
revelou já ter conversado “rapidamente” com o senador Eunício Oliveira
(PMDB) na semana passada, durante passagem de Dilma pelo Ceará. Segundo
ele, ficou acertado que o peemedebista, pré-candidato à sucessão ao
governo do Ceará, irá procurá-lo até o final desta semana para tratar da
aliança estadual. Questionado se ainda é possível manter o PMDB no arco
de aliança, o governador disse: “claro que sim”. Eunício trabalha para
ganhar as bênçãos de Cid no seu projeto de disputar o Palácio da
Abolição.
REUNIÕES
Ao
falar do PT, o governador ressaltou que a legenda é um “aliado
preferencial” e afirmou ser “rotina” conversar com algumas lideranças
petistas. O encontro com os petistas, ontem, serviu para reiterar a tese
das lideranças do partido, que defende a indicação da candidatura ao
Senado na chapa majoritária da aliança.
Segundo
o presidente estadual do PT, De Assis Diniz, o partido mantém sua
posição de estar na chapa majoritária e, de preferência, disputando o
Senado. Questionado se o nome de Ciro Gomes mudaria o cenário, De Assis
disse: “não tratamos sobre isso”. Em seguida, admitiu que na política
existe “muita conversa” e avaliou que o processo de discussão ainda
depende de diferentes variáveis. O petista disse ainda que a legenda
está “tranquila” e que teria convidado Cid a participar do encontro da
sigla que irá acontecer no próximo sábado, no Hotel Romano, em
Messejana.