Após a presidente Dilma Rousseff (PT) e o governador Camilo Santana (PT) anunciarem cortes no custeio da máquina pública, prefeitos de todo o Ceará se preparam agora para “apertar o cinto” nas despesas. Mesmo não atingidos diretamente por alguns dos cortes estaduais e federais, gestores apontam mau momento econômico e entrarão no efeito dominó. Em alguns casos, cortes com servidores comissionados chegam os 90%.
“Aumentou o piso dos professores e o piso de agentes de saúde e endemias, mas o repasse federal diminuiu. Assim não tem como sustentar nada”, diz o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macêdo (PMDB). No último dia 7, Diário Oficial do Município trouxe exoneração de oito secretários do Município.
Antes disso, o prefeito já havia exonerado todos os comissionados ou cargos de confiança do Estado. “Exoneramos todos, e vamos ir estudando e recontratando conforme a necessidade. A ideia é, ao final desses primeiros meses, reduzir 20% a 30% de todo o gasto com isso”, diz.
Além dos cargos, cortes miram custeio da máquina - envolvendo gastos em luz, combustível, etc. “Se não cortar, não consegue pagar a folha. Situação é bem mais grave do que se pensa. Porque todo dia agora tem aumento de combustível, o que na administração tem impacto violento”, diz o prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara (PRB).
Ele afirma que também já exonerou 90% dos cargos comissionados. Já o prefeito de Sobral, Veveu Arruda (PT), promete cortes de 20% no custeio da máquina. “Não é uma escolha, mas sim decorre da situação. Sei que a ideia era crescer, mas isso é um imperativo das circunstâncias atuais. Então vamos cortar despesas de água, luz, telefone, gasolina, e focar recursos para ações estratégicas”, afirma.
“Problema geral”
Segundo o prefeito de Piquet Carneiro e presidente em exercício da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), Expedito do Nascimento, situação “é geral” diante da desconfiança de gestores com rumo da economia. “No momento em que corta lá em cima, mesmo com discurso de só custeio, vai acabar repercutindo na base. Já estamos na expectativa, fazendo planos com muita atenção”, diz.
Ele aponta queda de até 28% no repasse federal do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em janeiro. Para maio, a Aprece promete organizar marcha de prefeitos em Brasília, pedindo maiores repasses do FPM.
Nos últimos dias, tanto Dilma Rousseff quanto Camilo Santana anunciaram cortes no custeio. No caso do governador, áreas podem ser atingidas em até 25%.
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