O PROS no Ceará virou pó, esmagado pelas circunstâncias eleitorais do momento. Com a janela da infidelidade aberta (30 dias para que parlamentares mudem de partido sem o risco de perder os mandatos), o Partido Republicano da Ordem Social perderá nove deputados na Assembleia Legislativa, segundo informação do deputado estadual Sérgio Aguiar, ele mesmo membro do bloco que irá para o PDT, seguindo os passos da errática trajetória partidária de Ciro e Cid Gomes.
Criado em 2013 por um desconhecido e obscuro vereador de Planaltina, nos arredores de Brasília, sem nada de substancial a oferecer e programaticamente vazio, o PROS apareceu como saída de emergência para que políticos descontentes com seus partidos pudessem driblar a Justiça Eleitoral, que em 2007 havia decidido que os mandatos pertenciam aos partidos. Em busca de filiados, seus emissários apresentavam-no com o seguinte anúncio: “Insatisfeito com seu partido? Quer sair dele sem perder o mandato? O PROS é a mais nova opção”. E assim, seduzidos por esse pragmatismo sem compromisso ideológico, dissidentes do PSB no Ceará rompidos com o ex-governador pernambucano Eduardo Campos, entraram no PROS. No entanto, a sintonia entre a fome e a vontade de comer durou pouco, pois a executiva estadual (leia-se Cid) não se sentia obrigada a prestar contas com a executiva nacional.
Instrumentos descartáveis
Vários partidos já foram usados como instrumentos de ocasião no Ceará, mas o caso do PROS, sigla de aluguel por excelência, escancara de forma inequívoca a essência dessa promiscuidade: o partido serviu momentaneamente, no Ceará, a um projeto de poder baseado nas relações de parentesco e compadrio, de amizade e servilismo.
Se o PDT oferece aos nômades da política cearenses um discurso ideológico, sempre amparado na figura de Leonel Brizola, no PROS isso nunca foi possível, fato que deixou exposto que o negócio do grupo é a instrumentalização dos partidos e da política como meio de vida e de ascensão social. É a consagração do poder pelo poder sem o peso de se ater a valores fixos. Do pó do oportunismo o PROS nasceu, ao pó do oportunismo o PROS retorna: sua utilidade se resume a garantir mais um tempinho de propaganda eleitoral para seus antigos usuários, todos juntos na mesma aliança. Sabe como é, vergonha é perder eleição.
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