Iguatu. A menos de 15
dias para a maior festa popular do Brasil, o Carnaval, 18 municípios do
Interior já encaminharam processo licitatório prevendo recursos para
festividades. Desse total, 13 cidades destinaram verba especificamente para a
folia de momo e 11 deles têm decretos de emergência financeira e administrativa
e/ou por questão da seca, mas, mesmo assim, planejam a realização de eventos
carnavalescos.
O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) vai
analisar os gastos com o Carnaval. "Os municípios que decidirem custear
eventos com recursos públicos, principalmente aqueles que decretaram
emergência, precisam demonstrar que não haverá comprometimento do equilíbrio
financeiro, sob pena de serem prejudicados na análise de suas contas",
disse o presidente do TCM, Domingos Filho.
Visitas
Equipes de fiscalização do TCM já estão visitando
as cidades do Interior que decretaram emergência financeira e administrativa e
que vão promover Carnaval. Há um mês, o órgão começou a orientar os prefeitos
sobre os gastos com festas carnavalescas. Foram encaminhados ofícios a todas as
Prefeituras.
Dentre as orientações do TCM, estão a prioridade
que o gestor deve dar ao pagamento de pessoal, Saúde, Educação e serviços
públicos essenciais; equilíbrio financeiro, pagamento de débitos
previdenciários, e observância de normas de licitação e dos contratos públicos.
O órgão recomenda cautela nas despesas com a festa.
Na manhã de ontem, fiscais estiveram em Várzea Alegre e conversaram com o
prefeito Zé Hélder. O gestor explicou que a festa é tradicional na cidade e que
não haverá gastos públicos. "O município não terá despesa. A licitação é
do espaço de realização do Carnaval, e a empresa vencedora vai arcar com todas
as despesas, de som, segurança, contratação de artistas, além de pagar ao
Município mais de dez mil reais", explicou. "Haverá movimentação
financeira no comércio local". A festa será popular e o empresário
pretende arrecadar recursos com a venda de camarotes, bebidas e patrocinadores.
Dos 13 municípios que até o momento realizaram
licitações específicas para o Carnaval, quatro têm decretos de emergência
administrativa e financeira: Jaguaruana, Quixadá, Ubajara e Várzea Alegre.
Fortim chegou a baixar decreto, mas foi revogado. Não há informação sobre
Camocim, Cascavel e Ipu.
Outras cinco cidades encaminharam processo de
licitação, mas com previsões para festividades de um modo geral: Amontada,
Aracati, Barroquinha, Itarema e Jaguaribara. A maioria das cidades que
encaminhou processo de licitação para as festividades está sob decreto de
emergência por causa da seca. Não há informação sobre Itaiçaba, Itarema, São
Benedito e Ubajara.
Equilíbrio
O assessor especial da Associação dos Municípios do
Ceará (Aprece), Expedito José do Nascimento, esclareceu que a instituição
orienta os gestores a observar as contas públicas, o equilíbrio entre as
receitas e despesas, manter os pagamentos em dia. "Se a festa é
tradicional, a gente entende que pode ser realizada, em parceria com iniciativa
privada. É preciso usar o bom senso em momento de seca contínua, crise financeira
e de municípios com decretos motivados por estiagem e caos financeiro".
Para ele, os gestores que cometerem exagero serão
criticados e alvo de fiscalização pelo TCM e do Ministério Público do Estado do
Ceará (MPCE). O vice-presidente da Aprece, Nilson Diniz, reforçou que a
orientação é de prudência. "Os prefeitos devem ter precaução. São poucas
as cidades que têm tradição e vão promover Carnaval. A maioria está
recuando".
Segundo dados do TCM, os valores licitados para
festividades variam de R$ 10 mil (Várzea Alegre) a R$ 5,295 milhões (Aracati).
A maioria é na modalidade pregão. Camocim anunciou licitação no valor de R$ 905
mil e dispensa de licitação no valor de 150 para contratação de show de Gabriel
Diniz. Granja faz licitação de R$ 2,482 milhões e dispensa no valor de R$ 250
mil para contratação de show de Luan Santana. As duas cidades têm processos
licitatórios específicos para o Carnaval.
O prefeito de Banabuiú, Edinho Nobre, esclareceu
que o Município não decretou calamidade financeira e que houve ingresso de
recursos extras no orçamento municipal, oriundos de devolução de precatórios.
"Temos tradição na festa, haverá injeção de recursos no comércio local e
verbas extras permitiram promover o Carnaval", frisou. O município quer
atrair 60 mil pessoas e movimentar R$ 1 mi. A licitação é de R$ 288 mil.
Em Quixadá, o Carnaval
Popular será realizado na Praça José de Barros, no Centro. O investimento
previsto é de até R$ 168 mil com atrações nas quatro noites. "Apesar de o
Município ter decretado Estado de Calamidade Financeira, o evento gera emprego
e propicia dividendos para a cidade", justificou o prefeito, Ilário
Marques. No ano passado, não foi realizado carnaval na praça. A atual gestão
herdou dívida estimada em R$ 40 milhões. "Temos uma cidade com valor
turístico reconhecido internacionalmente e a festa está prevista na Lei
Orçamentária e no Plano Plurianual", observou Marques
FONTE: Diário do Nordeste.
FONTE: Diário do Nordeste.
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