A Controladoria-Geral do Estado
do Ceará (CGE-CE) e o Tribunal de Contas do Estado do Ceará (TCE-CE) deram,
nesta terça-feira (11), os primeiros passos para a realização de auditorias em
consórcios de saúde do Estado. Os primeiros equipamentos a serem analisados
serão os consórcios de Camocim, Iguatu e do Vale do Curu.
De acordo com Raimir Holanda,
secretário de Controle Externo da Corte de Contas, o terceiro foi o único
escolhido pelos dois órgãos. E o motivo foi seu tamanho. "Esse é o maior
consórcio dos 21 que existem", declara. Ao todo, em 2018, foram empenhados
R$ 106 milhões pelo Tesouro estadual para os consórcios.
Há ainda auditorias que serão
realizadas a pedido da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Conforme já
mostrou o Diário do Nordeste, disputas políticas em torno dos consórcios
motivaram série de requerimentos na Casa.
Os referentes a Camocim são de
autoria dos deputados estaduais Romeu Aldigueri e Sérgio Aguiar, ambos do PDT,
que disputam votos no município. Já em Iguatu, a briga pelo comando do
consórcio levou ao rompimento político do deputado Agenor Neto (MDB) com o
presidente do equipamento e atual prefeito de Jucás, Luna Neto (PDT).
Dois tipos
As duas entidades realizarão
tipos diferentes de trabalho. O TCE-CE fará a chamada "auditoria de
conformidade" nas contas dos consórcios desde 2014. "Tem como
propósito analisar se os atos que estão sendo praticados estão em absoluta
conformidade com as normas", explica Raimir Holanda. Já a CGE-CE executará
a "auditoria de processos".
"Pretendemos oferecer
sugestões de melhorias de processos e de como otimizar a questão operacional e
de gestão dos consórcios", afirma Marconi Lemos, secretário-executivo da
CGE-CE. Resumidamente, enquanto a auditoria de conformidade analisará a forma,
a de processos será voltada ao conteúdo.
Ainda não há prazo para a
conclusão dos trabalhos. De acordo com Raimir, apenas na próxima semana, em uma
nova reunião, deverá ser definido um cronograma. As auditorias não serão
simultâneas. Ou seja, cada consórcio será analisado separadamente e, apenas após
a conclusão, serão iniciados os trabalhos do próximo equipamento. O de Camocim
será o primeiro a ser auditado e o do Vale do Curu, o último.
Transparência
Como mostrou o Diário do Nordeste
nesta semana, desde, pelo menos, 2014, o TCE-CE queixa-se, nos relatórios
técnicos das contas do Governo do Estado, de problemas nas prestações de contas
dos consórcios de saúde. "Restou evidente a falha na classificação
orçamentária das transferências aos Consórcios Públicos pelo Estado e que a
maioria dos Consórcios não apresentou as informações de forma individualizada
por Ente Consorciado", aponta o relatório técnico daquele ano.
No de 2018, recentemente
aprovado, não foi diferente. "A disponibilização dos demonstrativos é
deficiente e quando existe ainda é incompleta", diz o parecer da Corte
aprovado no fim de maio.
O documento mostrou que nenhum
consórcio disponibilizou em seu site todo os documentos necessários para a
prestação de contas: os relatórios de Gestão Fiscal (RGF), Resumido de Execução
Orçamentária e Financeira (RREO), orçamento previsto e o contrato de rateio do
consórcio, exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Dos 21 consórcios, sete
não disponibilizaram nenhum documento. Entre eles, Canindé, cujo site estava em
manutenção.
fonte: diário do nordeste
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