As limitações trazidas pela nova legislação partidária para a criação de novos legendas e a possibilidade de fim das coligações formadas para as eleições proporcionais têm obrigado as siglas a buscarem outras alternativas para tentar se fortalecer. Assim, as negociações para a fusão entre as agremiações tem ganhado mais espaço e, dessa vez, são as articulações para a união entre PPS e PSB que têm mais avançado, apesar de ainda não ter havido, no Ceará, nenhuma conversa entre as lideranças locais de cada partido.
O presidente do PPS no Ceará, Alexandre Pereira, revelou que o assunto ainda não foi discutido com as lideranças do PSB no Estado, porque eles aguardam os avanços garantidos em nível nacional. "Nós tivemos muito contato durante a campanha, mas nunca tratamos desse assunto, até porque estamos conversando muito dentro do partido", explicou. O dirigente participou, na quinta-feira, em Brasília, de uma reunião com a Executiva Nacional do PPS para conversar sobre a possibilidade de fusão.
Alexandre Pereira revelou que, no encontro em Brasília, foi formada uma comissão nacional com 6 integrantes do PPS para tratar exclusivamente das negociações com o PSB. O dirigente ressaltou que o deputado federal Moses Rodrigues, integrante da bancada do Ceará na Câmara dos Deputados, será o representante cearense no grupo.
De acordo com Alexandre Pereira, a comissão formada pelo PPS deve se reunir na próxima sexta-feira com representantes do PSB para tentar avançar nas negociações. Na visão do presidente da legenda no Ceará, são grandes as chances de a fusão ter êxito pelo fato de a ideia agradar os membros dos dois partidos.
"Eu estava em Brasília justamente tratando desse assunto. São dois partidos com um história de esquerda, são dois partidos que tiveram juntos na última eleição presidencial. Primeiro para apoiar Eduardo Campos e depois para apoiar Marina Silva. Desde quando Eduardo Campos estava vivo, já tinha essa conversa. Existe o interesse entre os dois partidos. Com a fusão, nós seríamos a quarta maior força no Congresso", frisou.
Encontro
O deputado federal Moses Rodrigues destacou que ainda não se sabe se este encontro da comissão do PPS com o PSB ocorrerá em Brasília ou em São Paulo, mas ressaltou que esta será a primeira negociação entre os grupos formados pelos dois partidos, já que as discussões estavam se dando apenas entre os presidentes das duas siglas.
Na atual legislatura da Câmara dos Deputados, o PPS conta com 11 deputados federais em exercício. Já o PSB tem 32 parlamentares em exercício. Com a fusão, os dois partidos somariam 43 membros no Legislativo, o que deixaria a nova legenda na posição de quarta maior força, ficando atrás apenas do PT, PMDB e PSDB.
Moses Rodrigues ressaltou que, com a fusão, o PPS ainda espera atrair lideranças insatisfeitas de outras siglas. Assim, na avaliação do parlamentar, a bancada poderia ficar ainda maior.
Hoje, na Assembleia Legislativa, às 9h, uma reunião do PPS no Ceará será realizada para esclarecer a todos como andam as negociações e também para ouvir as opiniões dos demais representantes sobre a possibilidade de fusão. "O momento é esse, porque já começam as articulações nos municípios para a eleição de 2016. Então, é preciso ouvir a base", justificou o presidente Alexandre Pereira.
Os detalhes sobre como se darão as implicações da fusão, segundo Alexandre Pereira, serão debatidos apenas num momento posterior. Moses Rodrigues revelou que, até o momento, a única condição exigida pelo PPS é o alinhamento político de oposição à gestão de Dilma Rousseff.
O parlamentar alertou que, embora o PSB se comporte como opositor, a agremiação ainda conta com lideranças que gostariam de fazer parte da base do Governo Federal. "O PPS vai colocar, exclusivamente, como condição a questão política. O PSB é oposição, mas tem um ou outro deputado que gostaria de fazer parte do governo Dilma. Então é nessa questão política que é preciso fazer alguns ajustes", afirmou Moses Rodrigues ao acrescentar que o PPS já estaria disposto até a ceder a prioridade de escolha no número da nova legenda.
Quanto ao nome, Moses Rodrigues disse que é uma discussão ainda não colocada, mas o parlamentar pretende sugerir que a nova agremiação seja chamada de PPSB, Partido Popular Socialista Brasileiro.
Reforma
Alexandre Pereira destacou que o objetivo é assegurar a fusão já para as eleições do próximo ano. Já Moses Rodrigues revelou a preocupação sobre como as discussões para a reforma política podem impactar nas negociações para a fusão. "Tudo isso pode trazer algum tipo de entrave ou até uma melhoria", explicou o deputado federal.
No Ceará, na última eleição, o PPS conquistou mais força, enquanto o PSB enfraqueceu. Até o ano passado, o PPS não tinha representação na Assembleia e nem na bancada cearense na Câmara Federal, mas nesta legislatura a agremiação é representada pelo deputado estadual Tomaz Holanda e deputado federal Moses Rodrigues.
Já o PSB começou a perder a força que tinha no Estado ainda em 2013, quando o ex-governador Cid Gomes deixou o partido, levando consigo diversos aliados, entre prefeitos, deputados e vereadores e outras lideranças.
O presidente do PPS, no Ceará, porém, disse estar confiante nos efeitos positivos que podem ser gerados com a fusão entre as duas agremiações. "Se houver a fusão, é criar um projeto que concentre todas essas forças para a gente crescer. Estamos trabalhando para isso", completou Alexandre Pereira.
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