Os funcionários dos Correios, no
Ceará, aderiram à greve nacional da categoria iniciada nesta quarta-feira (20).
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e
Telégrafos e Similares (Fentect) a paralisação atinge 20 estados e o Distrito
Federal. Luiz Santiago, coordenador do Sindicato dos trabalhadores dos Correis
no Ceará, diz que ainda não é possível mensurar o número de trabalhadores que
aderiram à paralisação, mas afirma que o setor mais afetado é o da
distribuição.
Em nota, os Correios afirmam que
a paralisação dos empregados é parcial e que não não afeta os serviços de
atendimento da empresa. A nota diz, ainda, o movimento está concentrado na área
de distribuição — levantamento parcial realizado na manhã desta quarta-feira
mostra que no Ceará, 87,9% dos empregados estão presentes e trabalhando – o que
corresponde a 2.289 empregados em atividade.
As agências franqueadas não estão
participando da greve. Atualmente, são mais de 6.500 agências próprias dos
Correios pelo país, além de um mil franqueadas. A paralisação deverá afetar as
entregas e prejudicar os consumidores que dependem dos serviços da estatal
postal.
Entre os motivos alegados para a
greve estão o fechamento de agências por todo o país, pressão para adesão ao
plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da
crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de
concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano
de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para
aqueles que já estão com férias vencidas.
Crise
Os Correios enfrentam uma severa
crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da
estatal estão em pauta. Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram
prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65%
correspondem a despesas de pessoal.
Em 2016, foi anunciado um
Programa de Demissão Incentivada (PDI) que pretendia atingir a meta de 8 mil
servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa. Em março deste ano, os
Correios anunciaram o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais
de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de
reestruturação da folha de pagamentos.
Em abril, o presidente dos
Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados
vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar
arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular
quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse
ajustado.
A estatal alega, ainda que o
custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do
déficit da empresa registrado nos últimos anos. Hoje a estatal arca com 93% dos
custos dos planos de saúde e os funcionários, com 7%.
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