Granja. A dona de casa Francisca
da Costa Oliveira, de 52 anos, estava preparando o almoço, no último sábado,
dia 1º, quando percebeu que a água da pequena lagoa, próxima ao casebre onde
mora, no bairro Alto da Brasília, no município de Granja, começou a invadir
tudo. Segundo ela, em pouco tempo, roupas, objetos da sala e da cozinha, e até
documentos, foram levados pela correnteza, que também danificou a geladeira e
encharcou por completo o colchão da cama.
Parte do casebre chegou a ruir,
quando Francisca buscou abrigo na casa da filha, que mora ao lado. "A água
invadiu a casa toda. Não consegui salvar quase nada. Minha filha me ajudou a
resgatar poucos objetos. Fiquei na casa dela, até que a ajuda chegasse",
disse a dona de casa que, por hora, não pretende voltar ao local, pois a lama
ainda toma conta de tudo.
Em outro ponto da cidade, no
Bairro da Cachoeira, a dona de casa Raimunda Nonata de Morais se viu na mesma
situação. A casa de taipa, com cerca de quinze pessoas, entre adultos e crianças,
foi completamente tomada pela água. Além de documentos, Raimunda só conseguiu
salvar o sofá, um pequeno guarda-roupas e o fogão. "Foi tudo muito rápido.
Apesar de ter muita gente na casa, não deu para salvar quase nada", disse
a dona de casa que, juntamente com outras oito famílias, foi resgatada por
equipes da Guarda Civil do município e da Secretaria de Assistência Social.
Todos foram transferidos para o Polo de Convivência Social da cidade.
Abrigadas no Polo, nove famílias,
com cerca de 28 pessoas no total, têm recebido alimentação, assistência social,
médica e psicológica, além de colchões e água potável. De acordo com Ana Luiza
da Silva Rocha, subsecretária da Assistência Social de Granja, a situação de
cada família está sendo avaliada, assim como os prejuízos causados pela chuva
nas moradias, localizadas em áreas de risco.
"Estamos avaliando a
situação de cada família, dependendo dos estragos causados pela água, pois cada
caso tem sua necessidade diferenciada. Todas as equipes dos Centros de
Referência da Assistência Social já iniciaram os atendimentos para vermos o que
deverá ser feito. Acredito que, com a expectativa de mais chuvas, outras
famílias sejam trazidas para cá, nas mesmas condições".
O município de Granja é cortado
por pequenas lagoas e riachos, o que cria diversos pontos considerados de risco
pela Defesa Civil, principalmente durante a quadra invernosa. Os bairros
localizados na periferia da cidade mais propensos ao alagamento, e que foram
atingidos nessa última enxurrada, são o Boca do Acre, Alto da Brasília,
Barrocão, Lagoa e Favelão. De sexta-feira para sábado (dias 31 março e 1º de
abril) choveu 111 milímetros.
Enchente
A invasão da água é resultado da
cheia do Açude Parazinho, não monitorado oficialmente pela Companhia de Gestão
dos Recursos Hídricos (Cogerh), que recebe água do Rio Jaguarapi, que banha a
cidade.
Segundo Francisco Aquino,
coordenador da Defesa Civil de Granja, "estamos monitorando esses pontos
críticos da cidade, que na verdade abrigam famílias reincidentes na questão das
enxurradas. Elas receberam novas residências, mas retornaram para as áreas de
risco. Além da assistência nesses pontos, estamos realizando um levantamento
das condições do distrito Parazinho, que já começa a sentir os efeitos da
sangria do açude. O município está em alerta, mas contamos com apoio da Cogehr
e Defesa Civil do Estado, que enviaram equipes de trabalho".
Fonte: DN
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