domingo, 5 de abril de 2015

Ex-secretário denuncia quadrilha de empréstimos consignados em Madalena



Quatro meses após a Justiça determinar o afastamento do prefeito municipal e todos os secretários, a Prefeitura Municipal de Madalena está envolvida em nova denúncia de desvio de recursos públicos.  Segundo o servidor público e ex-secretário de Finanças Marcondes Silva Lima, o Departamento de Recursos Humanos (DRH) da Prefeitura seria "uma quadrilha de empréstimos consignados", junto à agência da Caixa Econômica Federal (CEF) de Boa Viagem, cidade vizinha.

A denúncia protocolada no Ministério Público no final de março, aponta  que os empréstimos, contraídos em nome de servidores, não foram consignados em suas respectivas folhas de pagamento, recaindo o ônus sobre o Tesouro Municipal. 

Os documentos encaminhados ao MP mostram que o diretor do DRH da Prefeitura, José Nilber Carneiro de Sousa, a chefe do DRH, Ana Carla Sousa Rocha, esposa do vereador e atual presidente da Câmara Municipal, Paulo César Rocha Carneiro e o servidor Francisco Torres Carneiro, como mentores do esquema. "Francisco Torres Carneiro era quem alimentava o sistema da Folha de Pagamento juntamente com José Nilber", ressaltou.

Na apuração da suposta fraude, Marcondes Lima ainda disse ter encontrado os nomes do prefeito em exercício, Antonio Eurivando Rodrigues Vieira e de Francisca Aurilene Malaquias Silva, onde ela assumia o cargo comissionado de secretária executiva, lotada na Secretaria de Governo do Município. Ela é esposa do vereador Francisco Erivaldo Paulino de Oliveira. Apesar de estar desligada da folha de pagamento da Prefeitura, o pagamento de algumas parcelas do seu empréstimo consignado continuavam sendo descontados dos cofres do Município.

Na denúncia formalizada à promotora de Justiça Alessandra Gomes Loreto, Marcondes Lima esclareceu que os servidores contraíram os empréstimos junto à instituição financeira e com a cobertura do DRH não eram consignados para desconto nos salários. "O mais grave ainda era que o diretor geral de Recursos Humanos, total responsável pelas informações das folhas de pagamento, omitia no relatório dos não consignáveis que enviava para a Secretaria de Administração e Finanças, onde não constava os nomes citados, inclusive o dele próprio, fazendo assim, mediante informações omissas, que a Prefeitura pagasse os extratos dos empréstimos".


O OUTRO LADO


O atual diretor do DRH da Prefeitura de Madalena, José Nilber, contesta as acusações de Marcondes Lima. Em sua defesa, justificou que todos os servidores, inclusive ele, os quais tiveram seus nomes retirados da lista de consignados, para não serem descontadas de seus vencimentos as parcelas dos empréstimos contraídos junto à CEF, assumiram termo de responsabilidade perante a Administração Municipal e ao credor, cabendo a eles saldarem suas dívidas. Todavia, ele disse não saber informar se a Prefeitura é quem está pagando as parcelas junto ao Banco.

Entretanto, José Nilber ressaltou que, quando esteve à frente da Secretaria de Finanças de Madalena, o próprio denunciante havia autorizado transações dessa natureza. Se havia alguma irregularidade, o ex-secretário de Finanças sabia, mas não adotou nenhuma medida. A respeito de outros detalhes da denuncia, o diretor do DRH só pretende se manifestar diante da Justiça. Ele acrescentou prestar serviços à Prefeitura de Madalena desde a fundação do Município, em 1989, ficando ausente somente durante a gestão de um prefeito.

O gestor municipal em exercício, Antonio Eurivando Vieira, atribui a denuncia de Marcondes Lima levada ao Ministério Público a uma manobra para prejudicar sua administração. "O responsável por toda essa situação, se existir alguma irregularidade, é o próprio denunciante. À frente da Secretaria de Finanças foi ele quem autorizou todas as transações as quais aponta como criminosas. Como descobrimos a trama, ele foi exonerado da função e, em janeiro, denunciamos o caso ao Ministério Público para as respectivas investigações", afirmou.

*Com Diário do Nordeste

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