sábado, 5 de novembro de 2016

Presos por desvios no governo têm ligação com o deputado Gony Arruda



Três ex-funcionários da Secretaria do Esporte do Ceará (Sesporte) e outros dois acusados foram presos ontem na operação “Bola da Vez”, que apura supostos desvios na pasta entre 2009 e 2013. Entre os presos, estão duas pessoas ligadas ao deputado Gony Arruda (PSD), titular da pasta na época. Segundo o Ministério Público do Ceará (MP-CE), supostos desvios podem chegar a R$ 47 milhões.
De acordo com o promotor Marcos William Oliveira, irregularidades ocorriam por meio de convênios entre a Sesporte e ONGs. Segundo ele, entidades venciam licitações e firmavam convênios para realização de eventos esportivos diversos, que nunca ocorriam ou eram realizados em condições “bem distantes do combinado”. Certames investigados foram assinados na gestão de Gony na pasta.
Entre os presos, estão três ex-funcionários da Sesporte: Vera Silvia Bezerra, servidora de carreira hoje aposentada, Raimundo Nonato Chaves Júnior, ex-diretor administrativo, e Newton Beviláqua Dias Júnior, ex-assessor jurídico. Completam a lista Clidenor Santos, diretor da ONG Ciranda da Vida, e o empresário Raimundo Lima Filho.
Apenas as prisões de Vera Silvia e Clidenor são temporárias, com prazo máximo de cinco dias. Os demais presos ainda não possuem data para soltura. Um sexto mandado de prisão, contra Fernando Antônio Oliveira Marques, chegou a ser expedido, mas o acusado seguia foragido.
Gony Arruda
Presos ontem, tanto Newton Beviláqua quanto Raimundo Nonato estão hoje na folha da Assembleia Legislativa do Ceará por indicação de Gony Arruda. Enquanto o primeiro ocupa cargo de assessor no gabinete do deputado, o segundo está lotado na 1ª vice-presidência da Casa.

O atual 1º vice-presidente da Assembleia, Tin Gomes (PHS), nega, no entanto, ter qualquer relação com o acusado. Ele destaca que lotação vem de 2007, época em que Gony ocupava a 1ª vice-presidência do Legislativo. “Essa indicação veio de muito antes de eu assumir esse cargo. Eu não o conheço e ele não frequenta o gabinete”, disse.
Procurado pelo O POVO, o ex-secretário rejeitou qualquer envolvimento no caso. Ele diz que a Ciranda da Vida, uma das entidades acusadas, já prestava serviços ao Estado antes de sua gestão. Diz ainda que um dos frutos da parceria, o “Esporte na minha cidade”, era um dos programas “mais elogiados e demandados” durante sua gestão na Sesporte.
“Durante o período em que estive à frente (da pasta), todos os projetos foram realizados. Convênios que foram fechados fizeram os serviços contratados. Quando tinha algum problema, sempre informávamos”, afirma Gony, que diz ter fotos e vídeos provando eventos. Além da Ciranda da Vida, outras 4 ONGs são investigadas pelo MP. 

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