quinta-feira, 23 de abril de 2020

Pandemia da bala não dá trégua no Ceará. Em 24 horas, foram 18 homicídios



Em pouco mais de 24 horas, mais 18 pessoas foram assassinadas no Ceará. A sequência de mortes violentas no estado foi agravada com  a retomada, nesta quarta-feira (22)  da guerra entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE), na Grande Fortaleza, nas últimas horas.  Ontem, 12 pessoas foram assassinadas no estado. E nesta manhã de quinta-feira (23), mais seis homicídios foram registrados pela Polícia.

Em Fortaleza, os assassinatos aconteceram nos bairros Messejana, Jóquei Clube e Cidade 2000. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), ocorreram assassinatos em: Horizonte (3 crimes),  Cascavel (2), Maracanaú (2) e Caucaia.
No Interior do estado, foram sete homicídios nos seguintes Municípios: Sobral (2), Tabuleiro do Norte, Aurora, Aracati e Quixadá (duplo).

Mortes     
                                                                                       
Na madrugada de hoje, os corpos de dois homens foram encontrados crivados de bala dentro de uma casa na zona rural de Quixadá, no Sertão Central. Segundo a Polícia, o crime aconteceu   no Sítio Serrote, Distrito de Carrascal 2.  As vítimas foram identificadas como Francisco Edson Rodrigues de Sousa, 45 anos; e Wemerson  Breno Xavier da Silva, 18.

Em Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza, ocorreram três assassinatos nas últimas 24 horas, nas localidades de Queimadas, Cajueiro da Malhada e Dourados.
Em Cascavel, são dois assassinatos, sendo o primeiro na noite de ontem, no Parque Uruquê;  e o segundo na manhã de hoje, em uma favela na Vila Pacheco.

Em Maracanaú, dois assassinatos: na noite de ontem (22), um policial militar matou o ex-presidiário Daniel Rocha Holanda Sales, 33 anos, durante desentendimento de bebedeira em um bar, no bairro Alto da Mangueira.  Já na manhã de hoje (23), um homem foi executado, a tiros, nas margens da CE-060 (Avenida Mendell Steimbruch), no Distrito de Pajuçara, próximo à Central de Abastecimento (Ceasa). Tratava-se de um feirante.
Fonte: cn7

Governo recua e não vai mais antecipar segunda parcela do auxílio emergencial


O Governo Federal recuou com a proposta de antecipar a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600. Segundo nota do Ministério da Cidadania, divulgada na noite desta quarta-feira (22), faltam recursos do orçamento para fazer antecipação do benefício e que é preciso solicitar um crédito suplementar.

"Tanto o Ministério da Cidadania quanto a Caixa manifestaram seu desejo de antecipar o pagamento da segunda parcela. No entanto, devido ao alto número de informais cadastrados e a determinação do governo em não deixar ninguém para trás, todas as expectativas foram superadas e tornou-se imperativo solicitar crédito suplementar para poder completar o atendimento a todos. Cabe registrar que o recurso disponível para cada uma das três parcelas é de R$ 32,7 bilhões, já foram transferidos R$ 31,3 bilhões, e ainda serão avaliados cerca de 12 milhões de cadastros para a primeira parcela", informa a nota.

De acordo com o Ministério, houve recomendação da Controladoria Geral da União (CGU) sobre o assunto.

"O Governo Bolsonaro tem como marca a responsabilidade fiscal e o cumprimento de todas as normas legais. Por essa razão, o Ministério da Cidadania produziu nesta data uma nota técnica e já solicitou ao Ministério da Economia a previsão para uma suplementação orçamentaria o mais rápido possível. Em virtude disso, por fatores legais e orçamentários, pelo alto número de requerentes que ainda estão em análise, estamos impedidos legalmente de fazer a antecipação da segunda parcela do Auxílio-Emergencial", completa a nota.
O pagamento da segunda parcela do auxílio, que estava previsto para o dia 15 de maio, seria realizado a partir desta quinta-feira (23). A antecipação foi anunciada na segunda-feira (20) e era uma forma de compensar a demora no pagamento da primeira parte do benefício.
De acordo com a nota do Ministério da Cidadania, "após a definição da suplementação orçamentária a ser feita pelo Ministério da Economia, iremos completar o atendimento da primeira parcela e anunciar o calendário de pagamento da segunda parcela do Auxílio-Emergencial no mês de maio".

Fonte: DN

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Primeira parcela do 13º salário começa a ser depositada nesta sexta-feira (24)


Os beneficiários do INSS começam a receber a primeira parcela do 13º salário a partir desta sexta-feira (24). O período para os depósitos vai do dia 24 de abril a 8 de maio, conforme a Tabela de Pagamento 2020 disponível no site do INSS.
Além de pagar a primeira parte neste mês, o INSS vai antecipar a segunda parcela em maio. A iniciativa é uma medida emergencial do governo para reduzir a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus.
Os beneficiários do INSS no Ceará terão um acréscimo de R$ 775 milhões neste mês devido à antecipação da primeira parcela do 13º. Com o aumento dos recursos, que só viriam na metade do ano, o total pago pela Previdência Social no Estado em abril será de mais de R$ 2,4 bilhões.
Em todo o País, 35,6 milhões de pessoas receberão seus benefícios de abril. O INSS injetará na economia um total de R$ 71,7 bilhões. Desse total, 30,7 milhões de beneficiários receberão a primeira parcela do 13º, o equivalente a R$ 23,7 bilhões. Nesta primeira parcela, é realizado o desconto Imposto de Renda proporcional.
Quem tem direito
Por lei, tem direito ao 13º quem, durante o ano, recebeu benefício previdenciário de aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão. Na hipótese de cessação programada do benefício, prevista antes de 31 de dezembro de 2020, será pago o valor proporcional do abono anual ao beneficiário.
Aqueles que recebem benefícios assistenciais (Benefício de Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social – BPC/LOAS e Renda Mensal Vitalícia – RMV) não têm direito ao abono anual.


Governo regulamenta entrega de botijões para famílias em vulnerabilidade social no Ceará; veja quem tem direito.


ANP lança campanha para combater venda irregular de botijões de ...
O Governo do Ceará definiu as regras para a distribuição dos 200 mil botijões de gás de cozinha, destinados às famílias em situação de maior vulnerabilidade social no estado. As determinações estão previstas em um decreto publicado no Diário Oficial do Estado, em edição desta terça-feira (21), dia em que o mesmo entrou em vigor.

A doação do gás de cozinha às famílias de baixa renda foi anunciada pelo governador Camilo Santana no último dia 7 de abril e é uma alternativa para mitigar os impactos econômicos gerados pela pandemia do novo coronavírus.

O número de famílias beneficiadas pelo Programa Social de Distribuição de Gás começou em 200 mil, mas deve saltar para quase 250 mil, informou o chefe do executivo estadual, durante entrevista ao programa Bom Dia Ceará, na manhã desta quarta-feira (22). O prazo para o acréscimo dos cerca de 50 mil novos botijões, porém, não foi definido.

"Nós selecionamos as famílias de menor baixa renda que estão cadastradas no Bolsa Família. Pegamos o corte dessas famílias, inclusive aumentamos: deverá sair de 200 mil para cerca de quase 250 mil famílias".

A entrega do produto, ainda segundo o governador, deve ser iniciada "no mais tardar" até o início da próxima semana, em todos os municípios cearenses. Antes disso, as famílias habilitadas devem receber um “Vale Gás de Cozinha”, fornecido pela distribuidora contratada, a partir do qual ficará assegurado o direito ao recebimento de uma recarga de botijão.

"A relação dessas famílias já foi repassada para a empresa, que está construindo a logística para a distribuição desse vale gás. Esse vale gás virá com o nome do beneficiário e nós vamos pedir apoio dos prefeitos para a distribuição em todos os municípios", afirmou Camilo Santana.

Serão beneficiadas as famílias que constem do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, desde que cumpram um dos seguintes critérios:

sejam beneficiárias do Cartão Mais Infância Ceará;
sejam beneficiárias do Bolsa Família, com renda “per capita” igual ou inferior a R$ 89,34
possuam jovens em situação de vulnerabilidade social inscritos no Programa Superação
A identificação das famílias é realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e pela Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), a quem compete a operacionalização do programa, através da distribuição do “Vale Gás de Cozinha”.

A distribuição será feita graças a uma parceria com a Nacional Gás. Camilo Santana agradeceu ao diretor presidente do Grupo Edson Queiroz, Abelardo Gadelha Rocha Neto, pela parceria. "A Nacional Gás vai distribuir a preço de custo, sem nenhum lucro. Quero agradecer em nome do Abelardo Rocha, representante do Grupo Edson Queiroz", disse.

O decreto em vigor prevê, a partir do programa, "intensificar, no atual e delicado cenário, as políticas públicas que se voltem ao atendimento dessa população mais necessitada", diz trecho do documento. As despesas decorrentes serão custeadas pelo Fundo Estadual de Combate à Pobreza - FECOP

terça-feira, 21 de abril de 2020

COREAÚ REGISTRA 23 CASOS POSITIVOS DE CORONAVÍRUS


A cidade de Coreaú, com apenas 23 mil habitantes, situada no sertão da zona norte do Ceará, teve um aumento abrupto de casos positivos de Coronavírus nas últimas 24 horas. O número saltou de 4 para 23.  
A informação foi divulgada pelo Prefeito Carlos Roner, durante uma transmissão ao vivo pelo seu Instagram, no final da tarde desta terça-feira (21).
Roner anunciou de imediato a colocação de barreiras nas entradas da cidade e a desinfecção de vários bairros.
Segundo informações obtidas pelo blog, o maior foco da infecção pode ter sido causado por um jantar festivo realizado por uma pessoa que teria chegado do Maranhão.
Com a realização ainda em curso de testes rápidos, a previsão é que o número de infectados aumente nas próximas horas. 
Fonte: camocim online

JUSTIÇA DETERMINA SUSPENSÃO DE PARCELAS DE CONSIGNADO

Clientes durante atendimento na Agência do Banco do Brasil no Senado Federal.


A Justiça Federal do Distrito Federal determinou nesta segunda-feira, 20, a suspensão do débito em folha de empréstimos consignados tomados por aposentados em bancos. No Senado, vários projetos com esse objetivo já foram apresentados pelos Senadores após o início da pandemia da covid-19 e estão em tramitação.
A decisão do juiz Renato Coelho Borelli, em ação popular, suspende os pagamentos pelo prazo de quatro meses, tanto para os aposentados do INSS quanto para os do serviço público. O argumento é de que a liberação de R$ 1,2 trilhão do Banco Central para ajudar os bancos não chegou às pessoas atingidas pela pandemia. As regras valerão para todo o Brasil, mas o Banco Central ainda pode recorrer da decisão.
 — Quero expressar minha admiração e cumprimentar a Justiça Federal pela acertada decisão de suspender a cobrança de empréstimos consignados aos aposentados. A medida é mais do que justa, necessária, e está prevista em projeto de lei de minha autoria em tramitação no Senado. A lei, uma vez aprovada, reforçará a ação em favor dos que mais precisam em momentos de dificuldades como as que vivemos agora — disse o senador Ciro Nogueira (PP-PI) na segunda-feira.

BARROQUINHA:BOLETIM ATUALIZADO CORONAVÍRUS DE TERÇA-FEIRA


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

ABUSO DE PODER JÁ COMEÇA NA PRÉ-CAMPANHA, ALERTAM PROMOTRES


A seis meses do início oficial da campanha eleitoral, uma série de atitudes que podem configurar abuso de poder político, econômico e/ou religioso por parte de lideranças já está na mira de promotores de Justiça: desde a criação de programas assistencialistas a condutas irregulares em cultos e celebrações religiosas.
"A gente tem que começar a atuar é agora, no período pré-eleitoral, porque o candidato começa a sedimentar suas bases, começa a fazer uso dos artifícios é agora, para se cacifar e chegar ao pedido de candidatura já forte. Ninguém faz campanha só no período oficial, isso é ilusão", pontua o promotor de Justiça Igor Pinheiro.
Na última semana, o Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) cassou por seis votos a um os mandatos do deputado federal Genecias Noronha e da deputada estadual Aderlânia Noronha, ambos do PSD, por abuso de poder político nas eleições de 2018. Eles devem recorrer da decisão.
Ainda assim, não é um caso isolado. No Ceará, nos últimos quatro anos, os eleitores de nove municípios tiveram de voltar às urnas para escolher novos gestores após os eleitos em 2016 terem os mandatos cassados por abuso de poder político e/ou econômico.
No pleito de 2018, 11 deputados foram alvos de investigação, dentre os quais, Genecias e Aderlânia, condenados pelo uso da página oficial da Prefeitura de Parambu e de materiais de mídia produzidos às custas do erário com a meta de promoção pessoal.
As atitudes que podem configurar abuso de poder nos casos em evidência no Ceará incluem também perseguição política a servidores públicos, contratações temporárias irregulares, desvio de verba em processos licitatórios, compra de votos, dentre outras.
Poder Político
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o abuso do poder político está diretamente relacionado à liberdade do voto. Ele ocorre nas situações em que o detentor do poder vale-se de sua posição para agir de modo a influenciar o voto do eleitor.
"Nessa fase, agora, como é que acontece: de repente, o gestor, por exemplo, cria um programa para distribuir dinheiro, um 'Bolsa Família municipal'; ou ele coloca ambulâncias, médicos, à disposição da população, e faz uma vinculação desse serviço a quem lhe dá apoio político", cita o coordenador do Centro de Apoio Operacional Eleitoral (Caopel), do Ministério Público, Emmanuel Girão.
Em um dos casos de abuso de poder político que tramita, em fase de recurso, no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) está um da eleição suplementar de Cascavel em 2019 - cidade que já havia amargado a cassação dos eleitos em 2016, a ex-prefeita Ivonete Pereira e o ex-vice-prefeito Waltemar de Sousa.
Segundo o processo, um áudio de um gestor da saúde foi divulgado em grupos de médicos, no WhatsApp, em que ele busca profissionais interessados em contratação emergencial para um plantão no dia seguinte, 5 de abril de 2019, em uma unidade de saúde no bairro Alto Luminoso, em razão de um comício do grupo político apoiado pela ex-prefeita que se realizaria no dia seguinte. O objetivo era disponibilizar médicos aos moradores de forma a demonstrar "um bom serviço".
"Qualquer uso da máquina: usar servidores a favor de campanhas, usar os veículos que pertencem aos órgãos públicos, utilizar a publicidade institucional para divulgar a imagem do gestor, tudo isso caracteriza o abuso do poder político", ressalta Girão.
(Diário do Nordeste)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

APEOC DE BARROQUINHA CONVIDA TODOS OS FUNCIONÁRIOS PARA UMA REUNIÃO NO SÁBADO SOBRE O ROMBO DA PREVIDÊNCIA.

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A Comissão Municipal do Sindicato APEOC em Barroquinha convida a todos os professores e servidores filiados e não filiados a participarem de uma assembleia que ocorrerá no plenário da Câmara Municipal de Barroquinha, sábado 15 de fevereiro, às 8 horas da manhã para tratar de assuntos relacionados às contribuições repassadas para o INSS. Na ocasião será abordado o posicionamento que será tomado pelo Sindicato mediante a referida situação atual.
Grato da participação de todos, agradece a Comissão Municipal do Sindicato APEOC em Barroquinha.

Fraudes em licitações nas prefeituras na mira do MPCE


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Desde o ano passado, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) acionou pelo menos 13 prefeituras, câmaras de vereadores ou agentes públicos, ainda em exercício dos cargos ou fora deles, por suspeitas de fraudes em licitações. É o que mostra levantamento do Sistema Verdes Mares feito a partir de ações do MPCE divulgadas pelo próprio órgão desde janeiro de 2019. São casos de possíveis superfaturamentos, restrição à ampla concorrência, contratação de terceiros e licitações por “cartas marcadas” que ferem os princípios da boa gestão pública. Há investigações em andamento, inclusive, que abrangem suspeitas de organizações criminosas com atuação em diferentes municípios.

Em ano eleitoral, a atenção dos órgãos de fiscalização é redobrada para que não haja conluio entre empresas e candidatos. Em paralelo, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e Controladoria-Geral apostam em novas tecnologias de transparência dos gastos públicos e em diálogo com população e gestores.

“Essas fraudes em licitações, às vezes, são muito difíceis de serem detectadas porque, do ponto de vista legal, elas estão perfeitas. É preciso que alguém que tenha participado da trama nos revele ou que a gente consiga identificar algum dado que nos dê a possibilidade de caminhar ao encontro da prova”, afirma a coordenadora da Procuradoria de Crimes Contra a Administração Pública (Procap), Vanja Fontenele.

Nos últimos meses, a Procap deflagrou duas grandes operações na área. Em dezembro, a Procuradoria e a Polícia Civil deflagraram a operação “Coisas de Pai”, que cumpriu 13 mandados de busca a apreensão nas sedes da Prefeitura de Assaré e de empresas situadas no Município, em Juazeiro do Norte e em Fortaleza, bem como em imóveis de residência do prefeito Evanderto Almeida e de outros suspeitos.

“Coisas de Pai” investiga suspeitas de crime de peculato em diversas contratações, como no fornecimento de combustíveis, realização de obras e na locação de veículos, com suspeita de participação do gestor municipal.

Em agosto, já havia sido deflagrada a Operação Norteiras, em Antonina do Norte – cidade vizinha a Assaré, para investigar fraudes em licitações, inexecução contratual e sobrepreço para a execução do serviço de limpeza pública. A operação chegou a apreender mais de R$ 260 mil em dinheiro vivo, no quarto do prefeito Evandro Arrais.

A reportagem não conseguiu contato com os gestores municipais citados.

“A nossa dificuldade é encontrar a conduta do agente com essa prerrogativa. A licitação não é conduzida pelo prefeito, elas são conduzidas por secretários, pelo presidente da comissão de licitação... Em tese, não tem a participação direta do prefeito. Há casos em que, na verdade, ele seria uma ‘vítima’”, pontua Vanja Fontenele.

Quando não há indícios de envolvimento de prefeitos, as investigações são guiadas por promotorias locais ou outros grupos de atuação especializada, como o Grupo Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) e o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco).

“O Ministério Público busca, como fiscal da lei, analisar as contas públicas e verificar a existência de alguma ilegalidade. Quando é verificado que há desvio, busca-se a responsabilização criminal das pessoas que participam da fraude”, afirma o promotor Oigrésio Mores, da Promotoria de São Benedito.

No ano passado, Mores ajuizou Ação Civil Pública (ACP) por improbidade administrativa com pedido de ressarcimento ao erário contra uma ex-secretária de Saúde da Prefeitura de São Benedito e uma ex-pregoeira, além dos responsáveis pela empresa BT Locação e Limpeza LTDA.

O grupo é investigado por irregularidades no aluguel de veículos para a Secretaria da Saúde. Segundo o promotor, houve sobrepreço e superfaturamento, causando enriquecimento indevido da empresa. O mesmo promotor pediu à Justiça a condenação de ex-gestores da Prefeitura de Carnaubal, cidade vizinha, por fraude no aluguel de veículos com a mesma empresa.

“Temos notado uma profissionalização de algumas empresas em fraudar licitações. Há empresas que têm expertise no sentido de direcionar licitações e fraudar a concorrência”, pontua Mores. Ele conta que já foi procurado por licitantes que se disseram ameaçados ou que receberam ofertas para se abster de participar de concorrências.

Em agosto, o Gaeco deflagrou a Operação Display, abrangendo Limoeiro do Norte, Pacajus e Quixeré, que cumpriu sete mandados de busca e apreensão em residências e empresas em Limoeiro e Fortaleza, além de Mossoró, no Rio Grande do Norte. O grupo investiga suposto conluio de empresas em licitações.

“Esse trabalho de fiscalização é muito importante porque é um trabalho preventivo, corretivo para direcionar a administração pública a selecionar a proposta mais vantajosa, mais eficiente e com menor impacto no orçamento público”, ressalta o promotor Alan Moitinho Ferraz.

Eleições

A coordenadora da Procap ressalta a atenção redobrada em ano eleitoral. “Existem empresários que fazem acertos com então candidatos e acertam para tirar os valores empregados na campanha nas licitações”, destaca Vanja.

“A gente busca evitar que se faça contratação de serviço para beneficiar determinados grupos para se arrecadar dinheiro para o pleito eleitoral. Não só em ano eleitoral. Quando existe (a corrupção), ela se dá durante os quatro anos (de mandato), se é buscada uma realização de caixa para o pagamento das campanhas”, frisa o promotor Oigrésio Mores.

Tecnologia como aliada no combate a irregularidades

Órgãos de controle como o Tribunal de Contas do Ceará (TCE) e a Controladoria-Geral do Estado (CGE) adotam estratégias para acompanhar os gastos das prefeituras, como o Observatório de Licitações do TCE e a ferramenta online da CGE de monitoramento da execução de parcerias entre municípios e Governo do Estado.

“Tivemos um amadurecimento grande com essa ferramenta. Antes, o dinheiro era repassado aos gestores e eles prestavam contas dos recursos, às vezes com um prazo de 60 dias para mandar a papelada com a prestação. Agora, o dinheiro não vai mais para a conta da prefeitura, fica numa conta do convênio. Quando é contratado o fornecedor, o dinheiro é transferido da conta do convênio para a do fornecedor. Hoje, temos tudo na internet e a total rastreabilidade do recurso”, afirma o secretário executivo da CGE, Marconi Lemos.

Ainda assim, ressalta Lemos, há fragilidades no processo como obras em desacordo com as especificações do plano de trabalho, obras não concluídas ou com divergências em valores.

O diretor de Fiscalização de Licitações e Contratos do TCE, André Alves Pinheiro, destaca que, entre as irregularidades mais comuns estão a restrição à competitividade, que é quando o edital estabelece critérios que restringem a amplitude de concorrentes que poderiam participar da licitação; problemas na elaboração do projeto básico, com a ausência de planilha de custos, por exemplo; dispensas de licitação indevidas; contratação de terceiros para prestar o serviço prometido e preços acima da média de mercado.

No TCE, além do recebimento de denúncias e da checagem das prestações de contas das prefeituras, por exemplo, é feito trabalho preventivo. “Temos o Observatório de Licitações, a partir do qual pegamos os procedimentos ainda abertos e analisamos antes que alguma irregularidade aconteça”, destaca André. Ele pontua ainda que a atuação do TCE na área de licitações vai além da fiscalização.

Para Marconi Lemos, uma das saídas para reduzir as fragilidades em licitações é investir na criação e instrumentalização dos controles internos dos municípios.

Impacto da presença do ministério público

O promotor Alan Moitinho Ferraz, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Boa Viagem, ressalta que há casos em que só o anúncio da fiscalização do MP já faz com que fraudadores deixem o processo.

Fiscalização na Câmara Municipal

Em Mombaça, foi uma denúncia ao MP que fez com que a promotora Mônica Kaline Nobre recomendasse a anulação de uma licitação na Câmara Municipal que restringia a ampla concorrência. A recomendação foi acatada pelo chefe do Poder Legislativo.

Acompanhamento de licitações na internet

Todos os procedimentos de contratações das prefeituras são disponibilizados no site do Tribunal de Contas do Estado.
Fonte :Diário do nordeste